sábado, 24 de maio de 2014

Síndrome metabólica, a ação da Lipase Sensível a Hormônio e resistência à insulina

            O metabolismo de lipídios está relacionado a fenômenos como o ganho ou a perda de peso, e é uma variável importante em casos clínicos de cardiopatias e diabetes. Em períodos de altos níveis glicêmicos a insulina atua estimulando a síntese de ácidos graxos, e inibindo a mobilização de gordura no tecido adiposo. Em contrapartida, em períodos de baixa oferta de carboidratos como fonte energética o tecido adiposo mobiliza ácidos graxos através da enzima Lipase Sensível a Hormônio (HSL).
Disponível em: http://www.endocardio.med.br/sindrome-metabolica/
           Todavia, existem casos onde indivíduos desenvolvem resistência à lipólise nos adipócitos - que se caracteriza pela diminuição da eficácia das catecolaminas (entre as mais conhecidas estão a Epinefrina e a Norepinefrina) -, além de um um grupo de distúrbios que inclui obesidade, resistência à insulina, dislipidemia e hipertensão. Tais distúrbios são fatores de ricos para doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo II, e outras condições clínicas, como asma, distúrbios do sono e esteatose hepática. A esse quadro chamamos de síndrome metabólica. Os fatores de risco para essa síndrome são o sedentarismo, a própria obesidade, o envelhecimento, e a má alimentação (dieta excessiva de carboidratos).
            A literatura registra uma relação da resistência à lipólise à menor capacidade de ativação da Lipase Sensível a Hormônio via AMPc, por diminuição da sensibilidade à insulina, que se traduz na menor expressão de receptores β2-adrenérgicos. A menor capacidade de se realizar lipólise também se relaciona à maior intolerância à glicose. Dessa maneira, a dificuldade de mobilizar lipídios em adipócitos poderia contribuir para o aumento da massa adiposa, agravando o quadro de obesidade e reduzindo a sensibilidade à insulina.

Estudos mais recentes relacionam a maior taxa de lipólise em células adiposas de humanos como causa da maior resistência à insulina, e que a menor ação da enzima HSL, seja por inibição farmacológica, seja por modificação genética, resulta em melhora da sensibilidade à insulina em ratos. A partir desses dados pesquisadores têm suspeitado de que a inibição parcial da enzima HSL possa ser um tratamento plausível para a resistência à ação da insulina na síndrome metabólica. Mas estudos com indivíduos obesos demonstraram que defeitos na lipólise levam a menor perda de peso, o que é indesejável nesses casos. Dessa forma, a proposta de estimular a lipólise e a oxidação de ácidos graxos ainda é um tratamento a se considerar.

Portanto, a regulação do metabolismo de lipídios tem se destacado como uma ferramenta para o controle da sensibilidade à insulina relacionada à síndrome metabólica e à obesidade.


Referências:

1.Lehniger, A.L.; Princípios de Bioquímica 5ª ed 2011, p. 916 e 922.
2.Rennan de Oliveira Caminhotto, Amanda Baron Campaña, Fabio Bessa Lima. Inibição da lipólise como alvo terapêutico na síndrome metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab vol.58 no.1 São Paulo Feb. 2014

3.Scott M. Grundy, A.L; Definition of Metabolic Syndrome: Report of the National Heart, Lung, and Blood Institute/American Heart Association Conference on Scientific Issues Related to Definition, 2004.

4.Wei Chen; Gerald S. Berenson; Síndrome metabólica: definição e prevalência em crianças, J. Pediatr. (Rio J.) vol.83 no.1 Porto Alegre Jan./Feb. 2007

Imagem de: 
http://www.endocardio.med.br/sindrome-metabolica/

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