Diversas
funções fisiológicas são controladas por vias que envolvem sinalização redox
(aquelas envolvidas em reações de troca de elétrons por redução e oxidação). O
oxigênio, por exemplo, durante o transporte de elétrons na mitocôndria pode ser
reduzido parcialmente gerando espécies reativas de oxigênio (EROs), tais como
ânion superóxido (O2-), peróxido de hidrogênio (H2O2)
e radical hidroxila (OH-). Quando ocorre a perda do equilíbrio entre
produção e eliminação de EROs, o que é chamado de estresse oxidativo,¹ conduz-se à oxidação de biomoléculas com
consequente perda de suas funções biológicas e/ou desequilíbrio homeostático,
cuja manifestação é o dano oxidativo potencial contra células e tecidos. A
cronicidade do processo em questão tem relevantes implicações sobre o processo
etiológico de numerosas enfermidades crônicas não transmissíveis, como o câncer.
2
As EROs são, portanto, radicais livres, cujos
mecanismos de geração ocorrem normalmente, nas mitocôndrias, membranas
celulares e no citoplasma. A mitocôndria, por meio da cadeia transportadora de
elétrons, é a principal fonte geradora de radicais livres. Apesar de haver um
controle da produção excessiva de radicais livres nessa
organela pela citocromo oxidase, cerca de 2% a 5% do oxigênio metabolizado nas
mitocôndrias são desviados para outra via metabólica, e reduzidos, dando origem
aos radicais livres.2
Além da mitocôndria, outros sistemas do
organismo apresentam mecanismos de defesa antioxidante, que podem se dar de
modo enzimático ou não-enzimático. No último caso, é constituído por grande
variedade de substâncias antioxidantes, que podem ter origem endógena ou dietética.
¹ Apesar da existência dessa proteção, os danos oxidativos não são
completamente inibidos, o que leva, inevitavelmente, a alterações no DNA e ao
desenvolvimento de tumores.
Por outro lado, deve-se considerar a
contribuição das EROs na regulação de importantes mecanismos biológicos no organismo
humano. A evidência de produção elevada de EROs durante a atividade muscular
intensa, por exemplo, sugere que o balanço redox intracelular pode exercer
papel importante na regulação do metabolismo de lipídios/carboidratos durante o
exercício. Sabe-se que há predominância de consumo dos lipídios durante o
exercício leve/moderado e dos carboidratos durante o exercício intenso. Em
concentração intracelular elevada, as EROs diminuem a atividade do ciclo de
Krebs, favorecendo o metabolismo de carboidratos. Nessa condição, há aumento da
atividade da proteína desacopladora mitocondrial (UCP3), que intensifica o
requerimento de substrato energético.3
Evidencia-se, assim, a participação das EROs
em mecanismos regulatórios de metabolismo biológico, contrapondo-se, de certo
modo, ao seu efeito negativo de causar danos a células e tecidos.
REFERÊNCIAS:
1.
Da Silva, C.T.; Jasiulionis, M. G.
Relação entre estresse oxidativo,
alterações epigenéticas e câncer. Cienc.
Cult., vol.66, n.1, São Paulo, 2014.
2.
Barbosa, K. B. F.; Costa, N. M. B.; Alfenas, R. C.
G.; De Paula, S. O.;Minim, V. P. R.; Bressan, J. Regulationof glucose andfattyacidmetabolism in
skeletalmuscleduringcontraction. Rev. Nutr., vol.23, n.4,
Campinas, July/Aug. 2010.
3.
Silverira, L. R.; Pinheiro, C. H. J.;Zoppi, C. C.;
Hirabara, S. M.; Vitzel, K. F.; Bassit, R. A.; Leandro, C. G.; Barbosa, M. R.;
Sampaio, I. H.; Melo, I. H. P.; Fiamoncini, J.; Carneiro, E. M.; Curi, R. Regulationof glucose andfattyacidmetabolism
in skeletalmuscleduringcontraction. ArqBrasEndocrinolMetab, vol.55, n.5, São
Paulo, June 2011.
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