O aumento
contínuo nas taxas de incidência de pessoas com excesso de peso nas últimas
décadas fez com que a obesidade atingisse proporções epidêmicas e se tornasse
alvo de pesquisas. Hoje sabe-se que esta é uma doença multifatorial, mas que
existem fatores intrínsecos que se correlacionam com o sistema endócrino.1,2,3
O tecido
adiposo não é um tecido inerte, seu metabolismo é ativo e funciona como tecido
endócrino produzindo adipocinas que levam a produção de leptina (LEP). A
leptina é um hormônio peptídeo anorexígeno, considerado o eixo do complexo
sistema de regulação do balanço energético do organismo. No contexto
fisiológico de saciedade, a leptina alcança o cérebro e age nos receptores
hipotalâmicos reduzindo o apetite e a síntese de lipídeo. Concomitantemente, a
noradrenalina (hormônio do sistema nervoso autônomo) age nos adipócitos
ativando β-oxidação e
aumentando o número de termogenina na membrana mitocondrial interna, com o
intuito de aumentar o gasto energético e gerar calor. Resumidamente, a
regulação do peso corporal é esse efetivo contrabalanço entre ingestão
energética e o seu gasto.1
Segundo
pesquisas, o gene OB está relacionado com a produção adequada da leptina, sendo
que a homozigose recessiva (ob/ob) desse gene leva a fenótipos com sobrepeso
quando comparados a homozigose dominante (OB/OB). O gene, com três éxons e dois
íntrons, localiza-se no cromossomo 7q31.3. Possui, na região promotora, sítios
como TATA box e elementos responsivos a proteínas ligadoras ao amplificador
CCAAT/enhancer binding protein(C/EBP), elemento responsivo a glicocorticóides
(GRE) e elemento responsivo ao AMPc (CRE). A proteína tem 167 aminoácidos (16
KDa). Vários tecidos, além do adiposo, expressam LEP, como placenta,
adeno-hipófise. Entretanto a maior ou menor produção da leptina está diretamente
relacionada à massa de tecido adiposo, pois os seus níveis circulantes estão
mais diretamente relacionados à quantidade de seu RNAm neste tecido. Além desse
fator genético para o sobrepeso, pode ocorrer também em pessoas obesas uma
maior resistência dos receptores de leptina (OB-R), o que leva a um maior
acúmulo de lipídeo.2
Acredita-se
que a leptina esteja até mais relacionada a um mecanismo de proteção contra a
adipotoxicidade provocada pelo excesso de triacilgliceróis no citosol em
células que não são adipócitos. Células com excesso de gordura intracelular
podem sofrer apoptose e há evidências experimentais que relacionam certas
formas de diabetes mellitus com o aumento do conteúdo intracelular de lipídeos.4
Por mais que a
síntese de leptina seja um fator importante para a regulação do peso corporal
há também outros fatores que interferem na obesidade como as mudanças do perfil
de atividade física da população e disseminação de atividades sedentárias,
devido à modernização dos processos produtivos e o maior acesso à tecnologia.3,4
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